A Inconfidência Mineira, lembrada no dia 21 de abril de 1792,
foi o maior movimento de tentativa de libertação colonial do Brasil, que
aconteceu na região de Vila Rica, hoje Ouro Preto, Minas Gerais, onde a
opressão da metrópole era mais evidente. O movimento foi realizado por
elementos da elite econômica descontente com a estagnação da colônia.
Causas da Inconfidência Mineira
A queda da produção de ouro que passou a ocorrer a partir do
ano de 1760 e que se agravou a cada ano e acentuava a pobreza da população;
O sistema de cobrança dos quintos devidos à coroa, mantinha a
voracidade e quando o ouro entregue não perfazia 100 arrobas (cerca de 1500
kg), era decretada a derrama, ou seja, o que faltasse seria cobrado de toda a
população, pela força das armas, onde eram presos, espancados e torturados;
O custo de vida em toda a região continuava muito alto,
agravado pelo Alvará de 1785, que fechou as manufaturas locais, obrigando a
população a consumir apenas produtos importados e de alto preço;
As ideias de liberdade trazidas por estudantes brasileiros
que tinham realizado cursos superiores na Europa;
O conhecimento da independência dos Estados Unidos, cujos
colonos, revoltados também contra o sistema fiscal de sua metrópole, tinham se
libertado da Inglaterra.
Os Inconfidentes, líderes da Inconfidência Mineira
Os inconfidentes eram, em sua maioria, grandes proprietários
ou mineradores, padres e letrados, como Cláudio Manuel da Costa, de família
enriquecida na mineração, havia estudado em Coimbra e foi alto funcionário da
administração colonial. Alvarenga Peixoto era minerador e latifundiário.
Tomás Antônio Gonzaga, escritor e poeta, depois de estudos
jurídicos na Europa, tornou-se ouvidor em Vila Rica. Francisco de Paula Freire,
tenente coronel e comandante do Regimento dos Dragões, tropa militar de Minas
Gerais e que estava hierarquicamente logo abaixo do governador.
Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) era filho de um
pequeno fazendeiro. Dotado de grandes habilidades, ganhou a vida como militar e
dentista, foi tropeiro e comerciante. Foi o mais popular entre os
conspiradores. Embora não tenha sido o idealizador do movimento, teve papel
importante na propagação das ideias revolucionárias junto ao povo.
Objetivos da Inconfidência Mineira
Romper com Portugal e adotar um regime republicano (a capital
seria São João del Rei);
Criar indústrias no Brasil;
Criar uma universidade em Vila Rica;
Adotar um serviço militar obrigatório
Os conspiradores haviam planejado adotar uma bandeira que
conteria a frase latina Libertas quae sera tamen (Liberdade ainda que tardia) e
que inspirou a bandeira do Estado de Minas Gerais.
A revolta deveria ter início no dia do derrama, que o governo
programara para 1788 e acabou suspendendo quando soube da conjuração.
Os planos dos inconfidentes foram frustrados porque três
participantes da conspiração procuraram o governador, Visconde de Barbacena,
para delatar o movimento.
Foram eles: o coronel Joaquim Silvério dos Reis, o tenente
coronel Basílio de Brito Malheiro do Lago e o mestre de campo Inácio Correia
Pamplona. Tiradentes, que viajava para o Rio de Janeiro com o objetivo de
adquirir armas, foi preso naquela cidade, no dia 10 de maio de 1789.
Tiradentes morreu no dia 21 de abril de 1792, executado no
campo de São Domingos, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi esquartejado e ficou
exposto à execração pública. Faltavam 20 anos para a Independência do Brasil.
Leia também: Revolta de Vila Rica, Estado de Minas Gerais.
TIRADENTES
Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), mais conhecido por
Tiradentes foi o líder da Inconfidência Mineira. Figura
multifacetada, durante sua vida foi dentista (daí o seu apelido), tropeiro,
comerciante, minerador, militar, bem como se dedicou às práticas farmacêuticas.
Biografia
Filho de Domingos da Silva Santos (português) e de Maria
Antônia da Encarnação Xavier (brasileira), Tiradentes nasceu na Fazenda de
Pombal, situada entre a Vila de São José e a cidade de São João Del Rei, em
Minas Gerais, mas foi criado em Ouro Preto por seu padrinho após o falecimento
do seu pai, quando Tiradentes tinha onze anos (sua mãe já havia falecido dois
anos mais cedo).
Tiradentes aderiu ao movimento dos inconfidentes quando era
militar (assumia o posto de alferes) e, por ser considerado um excelente comunicador e orador, se
tornou líder da Inconfidência Mineira, conquistando adeptos para a causa
revolucionária.
Na busca por mais adeptos, Tiradentes viajou para o Rio de
Janeiro onde se escondeu na casa de um amigo, mas foi encontrado e preso, tal
como outros inconfidentes. Tiradentes, porém, protegeu seus companheiros ao
assumir toda a responsabilidade do movimento revolucionário. Muito embora,
alguns inconfidentes tenham sido castigados, apenas Tiradentes foi condenado à morte.
Morte
Tiradentes foi condenado
à forca e executado no dia 21 de abril de 1792; além disso, foi esquartejado na Praça da
Lampadosa no Rio de Janeiro e as partes do seu corpo expostas na estrada que
conectava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Seus bens foram confiscados e sua
casa queimada.
Tiradentes e a Inconfidência Mineira
A Inconfidência Mineira, liderado por Tiradentes, pretendia
transformar o Brasil numa República independente de Portugal. Também conhecido
por Conjuração Mineira, a
revolta de caráter separatista, ocorrida na capitania de Minas Gerais, era
contra o domínio português ante as extrações e exportações de ouro na colônia,
época conhecida como o Ciclo do
Ouro. Descontentes, os mineiros se reuniram no movimento dos
Inconfidentes que visava, sobretudo, conquistar a Independência do Brasil e abolir as taxas e os
impostos considerados abusivos: O Quinto e a Derrama.
Para saber mais leia também o artigo: Independência do
Brasil.
O Quinto significava, para a Coroa Portuguesa, 20% do ouro de
todo ouro encontrado no Brasil. Assim, todo o ouro era levado às Casas de
Fundição, que pertenciam à Coroa Portuguesa e às Casas de Intendência, com o
objetivo de fiscalização e controle. Já a Derrama era a taxa cobrada sobre cada
região aurífera. Se a pessoa não pagasse o imposto, seus bens eram confiscados
de modo que os soldados entravam nas casas e retiravam o que fosse necessário,
para completar o valor da taxa.
Diante disso, liderado por Tiradentes, o movimento dos
Inconfidentes, composto pela aristocracia mineira entre eles, oradores, poetas
e advogados, traçavam planos para tomar o controle da Capitania de Minas Gerais
e protestar contra a coroa. Foi em 1789, que o movimento foi descoberto e
Tiradentes foi condenado à morte.
Homenagem
Reconhecido como herói
nacional, o Brasil recorda Tiradentes no dia 21 de Abril. Nesse dia, conhecido como Dia de Tiradentes, é feriado nacional.
A cidade onde Tiradentes nasceu em Minas Gerais, antes Vila
de São José, atualmente se chama cidade
Tiradentes. Praças também receberam o nome de Tiradentes, no Rio de
Janeiro, em Curitiba e em Ouro Preto (MG), onde se localiza o Museu da Inconfidência, inaugurado em
1944.
A bandeira idealizada pelo inconfidentes para ser a bandeira
nacional foi oficializada como bandeira de Minas Gerais em 1963.
Ao londo dos anos a história de Tiradentes e da Inconfidência
Mineira foi enredo dos filmes Os Inconfidentes (1972), de Joaquim Pedro de
Andrade; Tiradentes, o Mártir da Independência (1976), de Geraldo Vietri e
Tiradentes (1999), de Oswaldo Caldeira e da telenovela Dez Vidas (1969), de
Ivani Ribeiro.
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